Do hospital ao Home Care: Conheça as 5 etapas da desospitalização

A desospitalização é um dos pilares da atenção domiciliar, levando o paciente para um atendimento mais humanizado em casa. Por isso, veja como funciona esse processo.

31 de outubro de 2023
5 de março de 2024
Home Doctor
10 minutos para ler
Do hospital ao Home Care: conheça as 5 etapas da desospitalização

O Home Care, ou Atenção Domiciliar (AD), é indicado a pacientes em condição de receber em casa cuidados de saúde, pois estão com um quadro clínico estável e já não precisam mais de todos os recursos hospitalares. Cabe à equipe médica determinar que o paciente se encontra em condições clínicas para desospitalização e para se beneficiar da continuidade do tratamento em domicílio, uma vez que o home care pode trazer muitas vantagens, tais como:

  • comodidade, qualidade de vida e segurança durante o tratamento doméstico;
  • recuperação mais rápida do paciente, que fica no conforto de casa e tem a companhia de familiares e amigos;
  • redução do risco de infecções e doenças associadas ao ambiente hospitalar.

O Home Care é sempre definido caso a caso – há pacientes que fazem somente sessões de fisioterapia ou necessitam de aplicação de medicamentos, por exemplo, enquanto outros passam por internações domiciliares com estrutura complexa. Mas existe um aspecto comum a todos eles: a desospitalização.

“O objetivo é garantir que a continuidade da assistência em casa seja compatível com as necessidades do paciente e que tudo aconteça com qualidade e segurança”, afirma a médica Priscila Melnik, Gerente de Captação Nacional da Home Doctor.

Usualmente, uma avaliação inicial feita ainda no hospital detecta as demandas específicas de quem está apto a ser transferido para o Home Care. A partir daí, elabora-se uma programação de atendimento, que prevê materiais, medicação, equipamentos ou equipe multidisciplinar indispensáveis à cada situação.

O Plano de Atendimento Domiciliar (PAD) precisa ser definido com cuidado, garantindo que todas as necessidades técnicas sejam providas. Se desenhado de forma inadequada, a assistência será insuficiente, havendo necessidade de ajustes posteriores e podendo gerar quebra de confiança”, explica Priscila Melnik.

“O processo de desospitalização envolve estes quatro pilares: hospital, operadora de saúde, empresa de Home Care e família do paciente. Tudo deve acontecer de forma integrada. Nenhum dos quatro consegue fazer nada sem participação dos demais. Todos precisam participar juntos e ativamente”, ressalta.

A seguir, você vai ler sobre os cinco passos da desospitalização:

  1. Definição de que o paciente está apto para o Home Care
  2. Avaliação do quadro clínico do paciente pela equipe de Home Care
  3. Definição do Plano de Atenção Domiciliar (PAD)
  4. Envio do relatório à operadora de saúde*
  5. Montagem da estrutura na casa do paciente

*Em casos custeados pela operadora de saúde

ETAPA 1: Definição de que o paciente está apto para o Home Care

  1. O processo começa com o pedido de desospitalização feito pelo médico assistente, que o envia à direção do hospital em que o paciente está internado.
  2. Em seguida, a operadora encaminha o caso para uma empresa de atenção domiciliar de sua rede credenciada, como a Home Doctor.

“Tudo tem início quando o médico – seja o particular, o assistente ou o que está no hospital – identifica que o paciente tem condição de finalizar o tratamento em casa”, afirma Priscila Melnik.

E quais são os critérios para definir se o paciente está apto a passar ao Home Care? São estes:

  • o paciente deve estar em condições clínicas estáveis;
  • ter a aprovação do médico que trata do paciente no hospital;
  • a família do paciente aceitar e colaborar com o tratamento;
  • contar com um cuidador apto (contratado ou familiar) em período integral;
  • e a residência ou local onde o paciente irá permanecer ter condições de segurança, acesso, espaço e higiene para instalação da estrutura que será utilizada para o tratamento ou para os cuidados, sejam simples ou complexos.

Quais são as principais indicações para o atendimento domiciliar?

  • término de terapia injetável;como antibióticos, por exemplo
  • realização de curativos complexos;
  • necessidade de aparelhos para suporte de vida;
  • necessidade de gerenciamento clínico de doenças crônicas nos casos em que há impeditivo para o acompanhamento em rede credenciada;
  • tratamento para processos infecciosos prolongados;
  • ou pacientes que precisam de cuidados paliativos.

Para ir para o Home Care, o paciente deve estar clinicamente estável, sem a necessidade de cuidados intensivos e intervenções médicas constantes. Por exemplo: não pode estar em uso de medicações contínuas de suporte à vida, de parâmetros ventilatórios elevados ou ter a necessidade de coleta diária de exames de sangue”, alerta Melnik.

“E vale o mesmo para um paciente de menor complexidade, que vai apenas terminar um antibiótico em casa. Para levá-lo para o Home Care, ele tem de estar com uma curva de febre descendente, num processo de melhora. Do contrário, corre-se o risco de o paciente entrar num quadro de deterioração clínica após ser levado para o Atendimento Domiciliar.”

ETAPA 2: Avaliação do paciente pela equipe de Home Care

Ao receber o comunicado da operadora de saúde, a empresa de Home Care analisa o pedido e faz contato com o hospital. Essa avaliação é feita por enfermeiros treinados, que analisam o prontuário e discutem o caso com a equipe assistencial para entender cinco pontos:

  1. Como o paciente estava antes da hospitalização.
  2. O que o levou a ser internado.
  3. O que aconteceu durante a hospitalização.
  4. Como o paciente estava no momento da indicação para o Home Care.
  5. Quais as necessidades de agora em diante.

A médica Priscila Melnik, da Home Doctor, faz uma ressalva:

“Infelizmente, o Home Care não é amplamente conhecido, em detalhes, pelas equipes dos hospitais. Muitas delas não sabem que tipo de atendimento pode ser feito na casa do paciente. É comum que possamos, no Home Care, fazer muito mais coisas do que a equipe do hospital imagina”.

“Tudo é avaliado: prescrição, prontuário, dispositivos que deverão ser mantidos em casa. Nós vemos se o paciente tem traqueostomia, gastrostomia, equipamento venoso, bomba de infusão, respirador mecânico, ou seja, tudo que ele está usando no hospital e que vai continuar usando no Home Care. Esta etapa 2 é crucial, uma das mais críticas”, diz a gerente de captação nacional da Home Doctor.

ETAPA 3: Definição do plano de atendimento domiciliar

O Plano de Atendimento Domiciliar (PAD) considera quatro aspectos centrais, que contemplam na íntegra as necessidades técnicas do Home Care:

  • necessidades técnicas atuais;
  • condição prévia do paciente (grau de dependência antes da internação);
  • possibilidade de reabilitação ou tratamento de manutenção;
  • e questões sociais do paciente.

Com relação a esse último item, levam-se em conta estes critérios:

  • validação do domicílio – verificar, por exemplo, a necessidade de alterações estruturais ou de rede elétrica, acessibilidade (escadas, rampas, espaço para uma cama hospitalar, se é um quadro de internação domiciliar), saneamento e cadastro preferencial no fornecedor de energia elétrica (no caso de uso de equipamentos de suporte respiratório);
  • validação do endereço – checar se é viável o acesso por profissionais de saúde e por ambulância, se a casa fica em uma área considerada de risco etc.
  • presença de cuidador em período integral (pode ser um familiar do paciente ou uma pessoa contratada) – há diferenças entre as atribuições do cuidador e as do profissional de enfermagem: o cuidador é responsável pela higiene, alimentação, companhia e bem-estar do paciente. Já a parte técnica fica apenas sob responsabilidade de um profissional capacitado e qualificado – é ele quem executa administração de medicamentos endovenosos, realiza curativos de maior complexidade, monitora e presta cuidados aos casos de ventilação mecânica ou de alta complexidade clínica.

ETAPA 4: Envio do relatório à operadora de saúde

Nesta etapa, a equipe de Home Care envia o relatório com o PAD à operadora de saúde. O documento traz tudo que foi alinhado com a equipe médica e o que foi conversado com a família do paciente – inclusive com sinalização das expectativas dessa família.

A operadora, então, depois de analisar o relatório, faz contato com a empresa de Home Care para informar, detalhadamente, sobre quais procedimentos foram autorizados.

“Se a família estiver de acordo com o que foi autorizado, seguimos para processo de implantação do PAD. Confirmamos com a equipe multiprofissional envolvida dia e horário da alta e início dos atendimentos, enviamos os insumos e equipamentos necessários, agendamos ambulância para remoção hospitalar quando há indicação”, afirma Priscila Melnik.

ETAPA 5: Montagem da estrutura na casa do paciente

A montagem do domicílio prevê envio dos materiais, medicamentos e equipamentos autorizados pela Operadora. Acontece desta forma tanto para o atendimento mais simples, como aplicações de antibióticos endovenosos, até os mais complexos, como a internação domiciliar com suporte de ventilação mecânica, por exemplo.

Há pacientes que não precisam de nenhuma montagem, pois vão fazer apenas sessões de fisioterapia. É o caso, por exemplo, de um idoso que teve fratura de fêmur, fez cirurgia, ficou internado por um período e agora já pode voltar para casa. Ele não necessita de medicamentos ou equipamentos – só de um fisioterapeuta em domicílio.

Outro exemplo de menor complexidade, é o caso de paciente que recebe alta para término de tratamento de Pneumonia com antibiótico em domicílio.. Além do profissional de enfermagem, será necessário envio de suporte de soro, medicamentos e materiais para aplicação.

“Mas há quadros mais complexos, como o de pacientes que estão internados no hospital com ventilação mecânica e agora vão passar por desospitalização. Precisamos mandar para a casa todos os equipamentos, materiais e mobiliários necessários para o atendimento de alta complexidade, como cama hospitalar, ventilador mecânico, cilindro de oxigênio, aspirador, bomba de infusão, sondas etc.”, lista Melnik.

“Não adianta o paciente chegar em casa e o aspirador estar dentro do armário. Por isso, enviamos um profissional para auxiliar a família a arrumar tudo. Para observar as tomadas que vão ser usadas, organizar os medicamentos. O Atendimento Domiciliar é muito amplo e existe uma série de etapas que devem ser cumpridas antes da chegada do paciente em domicílio, para que possamos garantir a segurança no atendimento.”, finaliza.

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