Quem é e quais são as funções do cuidador no Home Care?

O cuidador é uma pessoa designada a auxiliar alguém debilitado, muito idoso ou em tratamento de saúde domiciliar em suas necessidades básicas do dia a dia. O cuidador pode ser um familiar do idoso/paciente, ou ser um profissional contratado, sem vínculo familiar.

A presença de alguém com esse papel é fundamental para quem está seguindo um tratamento em Home Care (ou Atenção Domiciliar, o nome técnico em português dessa modalidade de cuidados de saúde em casa).

Nesses casos, o cuidador fica responsável por tarefas como alimentação e higiene pessoal do paciente, enquanto as tarefas próprias de profissionais de saúde ficam a cargo do técnico em enfermagem e de outros profissionais que trabalham na empresa especializada em home care à frente daquele tratamento em domicílio.

E quem são esses cuidadores, no Brasil?

Uma pesquisa realizada pela ONG Oncoguia, entre agosto de 2021 e setembro de 2022, ouviu mais de 400 familiares de pacientes com câncer para saber qual o perfil das pessoas cuidadoras. O resultado foi divulgado em fevereiro de 2023 e mostrou que 90% dos cuidadores são do sexo feminino, com 40 anos em média, e que 45% tinha ensino superior completo. Ao todo, 66% moravam no mesmo domicílio que o paciente.

Um outro estudo, realizado pelo Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL), entre outubro de 2020 e janeiro de 2021, e divulgado em setembro de 2021, revelou que, à época, 6 em cada 10 cuidadores tinham pelo menos 50 anos e 27% tinham 60 ou mais. Foram entrevistados 2.534 cuidadores em todo o país, sendo 2.047 familiares de pacientes e 487 profissionais.

Desse universo, 80% não tinha curso na área de saúde e 90% acabou assumindo o papel de cuidador por ser o parente mais próximo e por não ter condições financeiras de contratar um profissional.

Na prática, quais as funções de um cuidador domiciliar?

• Auxiliar na higienização pessoal e nos cuidados com a pele do paciente.
• Ajudar no momento da alimentação, seja ela pela boca ou por sonda.
• Administrar as medicações necessárias, sejam elas orais ou enterais, conforme o que foi prescrito e orientado pela equipe multiprofissional da empresa de home care, e também favorecer a realização dos tratamentos definidos.
• Realizar mudanças de posição do paciente, na cama e na cadeira, quando for necessário. Fazer massagens de conforto também é algo importante para pacientes que precisam ficar a maior parte do tempo na mesma posição ou que sofrem com dor crônica.
• Manter um ambiente seguro, para reduzir riscos de acidentes, e zelar para que o quarto, e se possível a casa toda, estejam limpos e com áreas de circulação desimpedidas.
• Estimular atividades de lazer e ocupacionais, sempre em acordo com a capacidade da pessoa que está sendo tratada, proporcionando situações que ajudem a manter sua autonomia.
• Apoiar na locomoção e nas atividades externas, como fazer uma caminhada, tomar sol, fazer exercícios físicos – se assim for indicado.

Para além de todas essas funções, o cuidador tem outro papel de grande relevância: ser o elo entre o paciente e a equipe multidisciplinar. Ou seja, o cuidado integral em casa só é possível com esse apoio e parceria.

E como fica o apoio emocional ao paciente? E ao próprio cuidador?

Além de precisar de ajuda nas rotinas de higiene, alimentação e atividades cotidianas internas e externas à casa, sabemos que um paciente em tratamento de saúde, especialmente quando é intensivo ou crônico, demanda um suporte emocional considerável.

É muito valioso para a recuperação, ou para o aumento da qualidade de vida do paciente, se o cuidador conseguir estimular a memória e a parte intelectual dele (como em jogos e leituras), conversar, escutar, estar atento aos estados de humor, etc.

O momento da alimentação, por exemplo, pode demandar um trabalho de estímulo importante, pois é comum o paciente estar inapetente ou desanimado em relação à comida.

A atenção afetiva deve ser sempre oferecida. Promover a socialização e a comunicação, atuando como um elo entre a equipe multiprofissional de saúde, a família e a pessoa que está sendo cuidada também faz parte das atribuições.

Há ainda uma necessidade de atenção plena às mudanças de rotina e estado geral. Qualquer mudança no estado de saúde do paciente deve ser comunicada à equipe multidisciplinar da empresa de home care, para que sejam tomadas as providências cabíveis.

Todo esse cenário muitas vezes traz desafios emocionais importantes também ao cuidador, seja familiar ou profissional contratado.

Uma análise qualitativa das pesquisas do Oncoguia e do Instituto LAL demonstra que a grande maioria dos cuidadores não está preparada tecnicamente para exercer essa função, algo que tem grande impacto também em sua própria saúde emocional e física: 48% dos entrevistados sofriam com estresse e 1 em cada 5 tinha problemas com insônia.

Pensando nessa realidade, e no fato de que muitos cuidadores são familiares que precisam se desdobrar para cumprir essa função, e começam a cumpri-la sem planejamento, a Home Doctor desenvolveu uma capacitação voltada para cuidador, com foco nesses cuidados básicos. Mais detalhes sobre isso aqui.

E caso aconteça alguma situação em que sejam necessárias melhorias para a qualidade de vida e a recuperação da saúde do paciente, esse treinamento pode ser atualizado, contribuindo para o sucesso dessa nova fase de adequação.

Essa iniciativa é super importante para que os profissionais de saúde da Home Doctor e o cuidador domiciliar possam formar, juntos, um time integrado para prover a melhor recuperação e aumento de bem-estar do paciente.