Home Care: Como preparar a casa e a família para receber cuidados de saúde domiciliar?
Um paciente em Home Care pede adaptações no dia a dia de todos os envolvidos no cuidado de saúde domiciliar e na residência. Veja as principais dicas.
Para preparar a casa e a família do paciente que vai para o Home Care, são necessários três passos.
Abaixo, detalhamos cada um deles:
PASSO 1: Ter um cuidador na casa
A primeira orientação para quem vai deixar o hospital e passar para o Home Care é esta: contar com uma pessoa responsável pelo paciente que possa estar presente na casa 24 horas por dia.
“A figura do cuidador é central no Atendimento Domiciliar. É necessário que um responsável pelo paciente esteja presente em período integral. A função do cuidador é acompanhar o paciente, promovendo seu bem-estar físico e emocional, auxiliar nos cuidados básicos, como alimentação e higiene, além de estar presente durante a realização dos cuidados técnicos”, explica a médica Priscila Melnik, gerente de captação nacional da Home Doctor.
Ela ressalta: “Pode ser um parente, um vizinho ou um cuidador contratado. Essa pessoa vai gerenciar tudo, do ponto de vista social, emocional e estrutural. Em muitos casos, a família acredita que a presença de uma empregada doméstica ou diarista no domicílio seria suficiente para esta função. Mas a pessoa designada como cuidador deve estar disponível para acompanhar o paciente e participar ativamente dos cuidados”.
PASSO 2: A família precisa se preparar para perda de privacidade (em maior ou menor grau)
A dinâmica da casa de um paciente de Home Care muda, principalmente nos casos de Internação Domiciliar. Na prática, isso significa algum grau de perda de privacidade, uma vez que muitos profissionais de saúde vão passar a frequentar o imóvel.
“A família deve estar preparada para estas mudanças e para o fato de que o retorno ao domicílio irá mexer com as rotinas da casa. É fundamental que família e equipe médica trabalhem juntos, proporcionando um ambiente acolhedor ao paciente”, exemplifica Priscila Melnik.
“Nos casos de alta complexidade, é comum que a família crie uma expectativa de que, com a alta, tudo voltará a ser como antes. Mas, além do paciente, chegam equipamentos, caixas de materiais, muitos profissionais (enfermagem, médico, enfermeiro, fisioterapeutas, profissionais de manutenção). Temos profissionais entrando o dia todo, às vezes em uma casa pequena, o que pode trazer incômodo.”
A família, portanto, precisa entender que isso faz parte do processo e que, aos poucos, a situação se ajeita. “E é por um bem maior: manter o paciente em casa, junto dos parentes e amigos, num ambiente mais confortável para ele”, afirma a gerente de captação da Home Doctor.
PASSO 3: Mudanças na estrutura da casa e reformas (quando necessário)
O endereço do imóvel onde fica o paciente de Home Care precisa ser acessível aos profissionais da saúde envolvidos.
“Se é uma região de alta periculosidade, por exemplo, o processo é interrompido. Em alguns casos, perguntamos à família se não tem condição de o paciente ficar na casa de um parente, principalmente se é um atendimento de curta duração”, explica Priscila Melnik.
“Precisamos garantir que seja um local seguro. Outro ponto: se ocorrer uma intercorrência no meio da madrugada, como vai chegar uma ambulância à casa do paciente? O endereço precisa ter livre acesso. Às vezes, fica numa rua estreita, por onde o veículo não passa. Se for um paciente de pouca complexidade, tudo bem. Agora, se for um paciente de Internação Domiciliar, não tem como”, enfatiza a médica.
Quanto às reformas na casa, tudo depende das necessidades clínicas da pessoa em Home Care. Mas, seja qual for o caso, o ambiente precisa estar livre de riscos, ter uma pia acessível para profissional de saúde higienizar as mãos e contar com saneamento básico e boas condições de higiene.
Por isso, antes da desospitalização de pacientes de maior complexidade, ocorre uma avaliação do imóvel. Nesse momento, apontam-se eventuais necessidades de mudança na estrutura do local. Em algumas situações, pode ser necessário fazer apenas mudanças simples, como deslocamento de algum móvel, retirada de tapetes ou instalação de barra de segurança ou rampa de acesso. A análise envolve pontos como:
- necessidades de alterações de rede elétrica, com número adequado de tomadas disponível para todos os equipamentos;
- saneamento adequado;
- acessibilidade do imóvel;
- e necessidade de cadastro preferencial no fornecedor de energia elétrica (no caso de uso de equipamentos de suporte respiratório).
“Na Internação Domiciliar, há casos em que o quarto do paciente precisa mudar de lugar. Numa casa de dois andares, um paciente totalmente acamado não vai ficar descendo e subindo as escadas. Então, a sala é transformada em ‘quarto’. O assistente social ou o enfermeiro analisa todos esses pontos, até mesmo onde as medicações serão armazenadas ou os equipamentos apoiados”, diz Priscila Melnik.
Segundo ela, as obras mais comuns são na rede elétrica, com instalação de tomadas, mas há outras demandas.
“Se o cômodo tem uma janelinha pequena, pode precisar reformar. Já houve caso de casa em que os móveis embutidos tiveram de ser removidos. O importante é avaliar a estrutura necessária, de acordo com as necessidades do paciente, proporcionando um ambiente seguro para o atendimento.”